segunda-feira, 28 de março de 2011

Até que enfim...

Esta pequena historia nada tem a ver com motas mas, dada a sua invulgaridade tenho que publica-la.

Quando em Agosto de 2006 decidi trocar de carro nunca iria imaginar a salganhada que isso ia dar.

Em Agosto de 2006 decidi trocar de carro. Não que o Ford Fiesta 1.2 estivesse nas ultimas mas, já tinha uns aninhos e ainda valia alguma coisita em troca. Depois de ver no mercado um conjunto de veículos que cumprissem os meus requisitos, decidi-me pelo Mitsubishi Colt CZ3 (hoje com quase 5 anos, devo dizer que é  um carro 5 *****). A minha aventura teve inicio no dia em que levei o Fiesta para entregar e trouxe o Mitsubishi. Pois, não é que o raio do Fiesta esteve em meu nome durante quase 5 anos, sem que conseguisse alterar esta situação.

Na altura ainda não vigorava o Atual IUC (Imposto Único de Circulação) e era prática corrente os comerciantes de veículos só alterarem o registo do mesmo quando da venda. Ou seja, entreguei o carro, O documento da empresa de credito para levantar a reserva de propriedade, assinei a declaração de compra e venda e o concessionário da Mitsubishi deu-me uma declaração em como tinha recebido o carro como entrada do pagamento e que daí eu ficaria livre de qualquer responsabilidade pelo mesmo, bem como de qualquer ónus ou encargo.

Correu tudo bem até ao ano de 2008. Ano em que entrou em vigor o novo IUC. Em resultado disto as finanças passaram a exigir-me o pagamento do IUC e eu (tótó) acabei por paga-lo nesse ano. Não sabia onde andava o carro, nem como havia de regularizar a situação. No concessionário onde entreguei o carro ninguém me soube dizer nada e nas finanças muito menos (foram uns queridos, principalmente o concessionário da Mitsubishi que se descartou de qualquer responsabilidade). No ano seguinte fui informar-me e descobri que havia uma forma de mandar apreender administrativamente a matricula do veiculo. Bastava ir ao site www.automovelonline.pt do Instituto de Registos e Notariado e preencher o formulário para apreensão administrativa de matricula.

Passado 8 meses o veiculo ainda estava em meu nome. Quase arranquei os cabelos mas, não paguei o IUC. Dirigi-me então ao ACP e pedi ajuda para a resolução do problema. Primeiro, descobriram que o carro ainda tinha a reserva de propriedade e para fazer o que quer que fosse esta tinha que ser levantada. Para isso fui á Ford, pedir 2ª via da declaração que me haviam passado e fui também pedir 2ª via do Documento Único Automóvel. Só para a Ford desembolsei 50 Euros (sim, foi o que aqueles fdp cobraram por me imprimir um papel), mais 63 para a segunda via de documentos e outro tanto para o levantamento da reserva de propriedade e mais não sei quanto para os serviços do ACP. Enfim mais de 200 euros para tratar desta treta toda (isto para quem tinha ficado livre de ónus e encargos). Só depois disto tratado pude pedir nova apreensão administrativa de matricula.

Em 2010 depois de ter recebido e contestado uma multa do Fiesta, fui as finanças verificar novamente os registos de propriedade e o raio do carro continuava em meu nome. Passei-me...só me apetecia partir qualquer merda que apanhasse pela frente. Depois de acalmar liguei ao IMTT. Estes senhores disseram-me que a matricula estava ativa e que não tinham conhecimento de nenhum pedido de apreensão para o veiculo e mais... que não tinham nada a ver com o tal site do Instituto de Registos e Notariado. Fiquei de boca aberta...quis manda-los á merda e nem isso consegui. Então os senhores não têm nada a ver com isso???? Devem estar a brincar comigo! Só pode...
Voltei ao ACP e desta vez fizeram o pedido de apreensão diretamente no IMTT. Agora sim, disse eu. Fiquei plenamente convencido que tinha sido desta desta.

No mês passado recebi outra multa...liguei ao IMTT e disseram-me que atualmente eu tinha que renovar o pedido de apreensão administrativa do veiculo de 6 em 6 meses até que o veiculo mudasse de proprietário (antes se ao fim de 6 meses o veiculo não mudasse de propriedade era automaticamente cancelada a sua matricula). Aqui confesso... entrei em desespero. Disse a mim mesmo que se encontrasse o raio do carro a circular que o ia seguir e lhe deitava fogo quando não estivesse ninguém por perto. Cheguei a ir a uma esquadra da PSP perguntar o que mais poderia fazer. A resposta foi "Você está metido num valete molho de bróculos". Incrédulo, ainda questionei o agente com o facto do atual dono do carro não pagar IUC nem multas, ter pedidos de apreensão pendentes  e ir ás inspeções periódicas e ficar com o veiculo aprovado. Como era isto possível???? Resposta do agente "Pois...esses tipos do IMTT têm lá a quintinha deles e não passam a informação a ninguém. Nem a nós, quanto mais aos centros de inspeção". 

Dirigi-me também ao ACP a solicitar ajuda jurídica para este caso. Disseram-me que brevemente iriam entrar em contacto comigo...e nada.

Andei durante dois dias a rondar a zona onde eu achava que estava o carro (as multas tinham sido lá aplicadas) e nada. Desespero total...a ideia de pegar fogo à merda do carro começava a tomar proporções muito perigosas, até que...para meu espanto recebo um telefonema do gajo que tinha comprado o carro. Parece que a GNR lhe apreendeu a viatura. Multas por pagar e registo por efetuar...nem queria acreditar. O tipo todo falinhas mansas...só me apeteceu manda-lo cagar mas, eu queria o assunto resolvido e colaborei.

Às vezes estas coisas andam enroladas tempos a fio e depois, de repente resolve-se tudo de uma vez. Já depois disto tudo resolvido, recebi um telefonema do ACP a prestarem-me a ajuda jurídica que tinha solicitado...apesar de resolvido aceitei. Até porque queria saber, caso isto desse ainda merda no futuro (multas, registos, etc.), com o que poderia contar e quais as minhas responsabilidades neste assunto. Parece que no meio disto tudo a única instituição publica que funcionou foi, a Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária que, por falta de pagamento das multas mandou apreender o veiculo. Se estivesse á espera do IMTT estava arranjado. Vejam lá se o tipo até é certinho a conduzir...nunca mais dava isto por resolvido.

A partir de hoje nunca mais entrego um veiculo a quem quer que seja sem antes fazerem a transferência de propriedade. E ficarei sempre com uma chave do veiculo porque, se der merda vou busca-lo e mais nada.Um tipo só cai nestas merdas uma vez...

Divirtam-se

terça-feira, 15 de março de 2011

Espirito Motard

Há uns bons anos atrás (antes de me dar a doença das motas), fui como pendura de um amigo meu para a praia e houve uma coisa que me fez bastante confusão. O gajo cumprimentava todos os motociclistas que passavam por ele e mais efusivamente os que tinham uma mota igual á dele. Como achei aquilo estranho perguntei-lhe meio a brincar, meio a sério "Ò Carlos...mas tu conheces esta gente toda?" A resposta imediata foi uma gargalhada que me deixou pior que estragado. Mas este gajo esta a gozar comigo!? - Pensei eu. Mais tarde ele explicou-me a questão do "Cumprimento". Sinceramente...na altura não percebi aquela treta. Pareceu-me mais um cumprimento de elementos do mesmo gang...

 Actualmente, mais de 20 anos depois, percebo perfeitamente este cumprimento. Tem a ver com a solidariedade que existe entre motociclistas. aliás, este cumprimento é o símbolo da união e cumplicidade entre todos os amantes das duas rodas. É uma forma de dizer "Olá amigo! Tudo bem? Se necessitares de ajuda, estou aqui!". Mas porque existe esta solidariedade e união entre motociclistas e não existe nos automobilistas? As teorias são muitas ! Por aquilo que apurei (e não é nada descabido), este espírito de solidariedade teve inicio com os primeiros motociclistas. Eram poucos e as maquinas nem sempre foram tão fiáveis como hoje em dia, de forma que se tornou normal os motociclistas ajudarem-se uns aos outros...assim nasceu um espírito de solidariedade entre esta classe que dura até aos nossos dias.

Desde que ando de mota que cumpro com este espírito de solidariedade. Para mim funciona desta forma... "Ajuda e serás ajudado!" e alguém que ande de mota é um camarada. Se necessitar de ajuda, naquilo que depender de mim, essa ajuda será prestada. Cumprimento todos desde que não ponha em risco a minha segurança e faço por responder ao cumprimento mas, começo a perceber que nem todos me retribuem. Serão os novos tempos??? Será que a tal afamada solidariedade "Motard" está em vias de desaparecer? Eu acredito que não. Até porque é isso que nos torna únicos. E como verdadeiros "Motards" passaremos este espírito a outros... e assim por diante.

Divirtam-se

sábado, 5 de março de 2011

Passeio a Reguengos de Monsaraz

Esta voltinha foi muito especial e irá ficar na minha memória por muitos e longos anos. Esta viagem mudou o rumo da minha vida. Podemos até dizer que a historia da minha discreta existência se poderá dividir em AR e DR (antes de Reguengos e depois de Reguengos)... :-) pois, foi neste dia que uma pessoa muito especial entrou na minha vida…

Como sou um “Pássaro do Sul” e tenho o Alentejo nas veias, tinha programado um passeio pelas planícies Alentejanas. Não tinha nem data nem itinerário definido. Seria mais um daqueles passeios que decidiria em cima do joelho…acabei por faze-lo no dia 10 Junho de 2009. Na realidade foi um pretexto para ir ver uma pessoa muito especial a Reguengos de Monsaraz, que me levaria a conhecer a zona. De outra forma ficaria uma semana inteira sem ver a “Su”...simplesmente essa hipótese estava fora de questão :-)

Saída de Almada ás 9:30, seguindo pela A2, A6 até Évora e o resto do caminho foi feito pela estrada nacional com chegada a Reguengos de Monsaraz ás 11:00. A parte da viagem feita em auto-estrada não há nada a dizer. Bom piso e boa visibilidade ajudaram a uma viagem calma e segura. A estrada nacional faz-se bem mais devagar, não que o piso seja mau (muito pelo contrario) mas, é a paisagem que vai tomando conta dos sentidos e faz desacelerar o ritmo.

Peripécia do dia. À chegada a Reguengos de Monsaraz as estradas estavam cortadas devido a uma prova de atletismo. Boa… (pensei eu) …que grande pontaria. Mas nada de problemático. Estacionei onde pude e a “Su” foi ter comigo a pé.

Como não se podia circular pelas ruas optamos ir tomar um cafezito e dar um passeio a pé para conhecer um pouco de Reguengos. Uma localidade simpática e acolhedora. Adorei a pequena igreja de onde tirei algumas fotos.

Acabado o evento desportivo e com as ruas já limpas, partimos para a nossa primeira etapa. A Herdade do Esporão. Desta fomos de “enlatado” e deixei a “Poderosa” a descansar. Não só por falta de equipamento de segurança para a “Su” mas, também porque o calor era muito o que tornava o passeio na mota um pouco desagradável para ela.

 A Herdade está aberta ao público com a excepção da parte industrial, que só pode ser vista mediante visita guiada e com marcação. Mas as salas de exposição, as adegas e os jardins estão à disposição de quem os queira visitar. Existe também uma salinha de provas e claro, a loja onde se pode adquirir o bom “tintol” da região.


Seguidamente…almocito. O restaurante onde a “Su” me queria levar estava fechado para um baptizado e acabamos por comer uns petisquitos em Reguengos (não havia muita fome). Uma sopita de espinafres que estava divinal e depois uns queijinhos e uma saladinha de polvo para picar enquanto conversávamos (nós temos sempre muito que conversar…hehehe). Optamos por beber o café num outro lugar e foi assim que conheci mais um cantinho lá da zona. O “Sem fim”. É um antigo lagar de azeite recuperado, que funciona como restaurante tradicional, galeria de arte, tem também um pequeno bar com um alpendre e uma sombra maravilhosa, onde passamos um belo bocado da tarde à conversa (eu não digo) e à espera que o calor nos deixasse subir ao castelo de Monsaraz.

Já perto das 17:00 partimos para visitar o castelo.

Se tinha gostado da Herdade do Esporão, o castelo de Monsaraz então encheu-me as medidas. Aconselho vivamente a quem não conhece, fazer uma visita a este pequeno cantinho de Portugal. Passeamos pelas ruas, entramos nas lojas de artesanato e fomos apreciar a paisagem nas muralhas do castelo…uma maravilha.

A parte final do passeio foi à marina da Amieira no Alqueva. O sol estava já a pôr-se, o clima estava bastante suave o que levou a ficarmos à conversa até as 22:00 na esplanada do restaurante.

A partida foi por volta da 1:30 da manhã e foi a parte pior do dia. Tinha que deixar a “Su” para trás e não tinha vontade nenhuma disso. Ela foi à minha frente até ao limite da cidade e quando o carro dela voltou para trás…juro que só me apeteceu dar meia volta com a “Poderosa” e não a deixar ir embora mas…ela tinha que ficar e eu que partir. Mas só teria que esperar mais uns dias para a voltar a ver de novo e matar todas as saudades.



Divirtam-se e bons passeios

P.S. Hoje, eu e a "Su" estamos juntos e temos um pequenito de 8 meses o "Rodinhas".

terça-feira, 1 de março de 2011

Reaprender a andar

Em jeito de desabafo...

Aconteceu no dia 1 de Outubro de 2009. Era Sexta-Feira e dia de futebolada com o pessoal da empresa. Para mim era o inicio da temporada porque tinha estado de férias. Saí mais cedo do trabalho e ainda consegui dar um Giro pelo Estoril com a "Poderosa" para aproveitar mais um pouco de sol antes do jogo. Estava um fim de dia espectacular e tudo parecia correr bem. Foi Rever o pessoal, as palhaçadas do costume etc, e tal...começa o jogo e 5 minutos depois...estava no chão agarrado ao joelho. As dores eram fortes. Algo  não estava bem. Acabei por ali o jogo e rumei a casa. 40 Quilómetros de mota, cheio de dores insuportáveis (ainda hoje não sei como consegui).

Levantei-me no Sábado de manhã sem ter pregado olho durante a noite. A dor no joelho continuava insuportável, de tal forma que, tive que ir ao hospital. Os meus receios confirmavam-se...ruptura de ligamentos e inflamação do tendão rotuliano. Segundo o médico, esperavam-me no mínimo 2 meses de muletas e joelheira ortopédica. Isto significava no mínimo 2 meses sem andar de mota...

Na realidade foram mais de 3 meses e ainda hoje não estou bom. Mas todas as semanas ia à garagem ver a "Poderosa", ligava-a, dava umas gazadas e ia-me embora. Houve uma altura que ainda me tentei montar em cima dela mas, não passou de uma tentativa porque uma forte dor no joelho fez-me mudar imediatamente de ideias. Só nos finais de Dezembro consegui conduzir a "Poderosa". Foi uma voltita pequenina para começar, mesmo assim estava cheio de medo que ela tombasse para o lado esquerdo, e eu não tivesse força na perna para a amparar.

O mais incrível é que com a paragem provocada pela lesão, parece que desaprendi de andar de mota. Reapareceram os medos e receio de motociclista principiante. Ainda hoje não recuperei totalmente a minha autoconfiança, tenho receio de cair e não confio na máquina. Parece que acabei de sair da escola de condução...Na realidade, sinto o mesmo quando me desloco a pé para qualquer lado.  Isto faz-me alguma confusão... nunca tive nenhuma lesão grave em toda a minha vida, sempre fui muito activo e fiz desporto com regularidade e agora... correr ainda não consigo, e mesmo a andar...upa upa. Se está a chover então...tenho tanto receio de atravessar a pé o molhado átrio da estação de comboios como de fazer uma curva de mota.

Ficar em casa e privar-me do que me dá prazer não faz o meu feitio. Sempre lutei por aquilo que quero e acredito. Parece que tenho mais uma batalha pela frente, por isso vou fazer-me á luta e vou...reaprender a andar.

Desculpem o desabafo... :-)

Divirtam-se